O número de golpes previstos no artigo 171 do Código Penal já se equivale, em Maringá, ao de furtos e roubos. Em apenas 4 meses, foram registrados 1.100 casos
Golpes do troco, do chat e do bilhete premiado engrossaram as estatísticas de estelionatos em Maringá este ano. De janeiro a maio, a Delegacia de Estelionato registrou 1.100 boletins de ocorrências – uma média de 220 casos por mês, ou 7,3 golpes por dia.
De acordo com o delegado Paulo Cezar da Silva, o número de golpes aplicados na cidade já alcança o de furtos e roubos. “Neste caso, o agravante é que a vítima vê o criminoso, estava junto com ele no momento do crime e participa de alguma forma”, comenta Silva.
O delegado explica que novas modalidades de golpe substituem as mais conhecidas, mas os alvos principais continuam a ser idosos e comerciantes. “Já faz um mês que não registramos golpe do bilhete premiado. Tem acontecido bastante o golpe do troco e outros relacionados à internet”, comenta o delegado.
Faltam dados
A Delegacia de Estelionato não dispõe de dados precisos sobre os casos registrados, ou informações sobre os períodos anteriores. A base de dados do departamento passa por uma atualização e melhoria na especificação dos crimes cometidos, para evitar uma inflação nas estatísticas. Entre os boletins de ocorrência lavrados, alguns casos não são de estelionato, mas isso só é descoberto no momento da investigação.
“Desses 1.100 boletins, pelo menos 80 são de adulteração de placa de automóveis, que é um crime diferente, mas acaba sendo caindo na Delegacia de Estelionato”, explica Silva. O mesmo acontece com contratos comerciais de carro, quando o comprador descobre que o veículo que adquiriu já havia sofrido acidente e o proprietário anterior não o informou.
A internet é a mais nova fonte de golpes, entre os registrados na Delegacia de Estelionato de Maringá. O delegado recomenda que, ao realizar compras pela internet, o consumidor tenha certeza da segurança do processo e exija algum tipo de certificado ou comprovante da operação. “Hoje, existem golpes de todo tipo. O mais seguro mesmo é fazer as transações em dinheiro”, recomenda Silva.
Poucos na cadeia
Previsto no artigo 171 do Código Penal, o crime de estelionato prevê reclusão de 1 a 5 anos. No entanto, são poucos os estelionatários que permanecem presos. A legislação brasileira prevê pagamento de fiança e substituição da reclusão por penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade. Também não está prevista prisão temporária para este tipo de crime.
Para o delegado Paulo Cezar da Silva, essas características jurídicas explicam a razão pela qual poucos criminosos acabam atrás das grades. “Todos os dias prendemos estelionatários em Maringá, mas a Justiça prevê uma série de benefícios para crimes sem uso da violência”, explica.
Ele exemplifica que, caso um estelionatário aplique cem golpes, a pena será a mesma de apenas um crime, acrescida de um sexto do tempo. Na carceragem da 9ª Subdivisão da Polícia Civil de Maringá, há apenas três golpistas presos. Fonte: O Diário do Norte do Paraná - http://www.odiariomaringa.com.br
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