Com o título "Casa dos Horrores", a revista britânica "The Economist" publicou em sua edição desta quinta-feira uma reportagem sobre os recentes escândalos do Senado no Brasil. No subtítulo, usa ironia: "O que os membros do parlamento britânico podem aprender com os senadores brasileiros".
O texto relata alguns motivos da crise que vem ameaçando o cargo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). "O Senado tem apenas 81 membros, mas de alguma forma precisam de dez mil funcionários para tomar conta deles". De acordo com a reportagem, um ex-funcionário conta que seus colegas servidores costumam dizer que o Senado era como uma mãe para eles. Outros o comparam com um clube. Em seguida, a revista cita alguns dos benefícios para os "sócios", como auxílio-moradia, plano de saúde e pensão.
"Isso tudo já era familiar para os brasileiros, e, talvez, não tão diferente do que acontece em muitas outras casas legislativas em todo o mundo", afirma a "The Economist", para, depois, dizer que, no entanto, recentes revelações surpreenderam, como a existência dos atos secretos e a farra das passagens aéreas.
A mansão de R$ 5 milhões do ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia também é citada. A reportagem afirma que muitos senadores, de praticamente todo o espectro político, inclusive da oposição, estão envolvidos, e, "dessa forma, pode parecer injusta a pressão pela saída de Sarney" - a quem chama de sobrevivente e considera que ele deve conseguir se manter no posto -. Diz ainda que ele não pode dizer que desconhecia os procedimentos da Casa, já que foi presidente outras vezes e foi quem indicou Agaciel ao cargo.
A revista cita o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter pedido mais respeito a Sarney e de ter culpado a imprensa por alimentar a crise na Casa. A reportagem termina com uma alfinetada em Lula: "A saga dos atos secretos também pode ter lembrado aos brasileiros os defeitos dos aliados de Lula e a disposição dele de fechar os olhos para escândalos quando lhe convém".
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