quarta-feira, 27 de maio de 2009

Fruto de estupro, hoje ele prega a vida


São histórias como a de Paulo Marcos de Barros que nos fazem repensar até que ponto podemos brincar de Deus e legalizar o aborto. Após ter lido essa experiência de vida, passei a questionar-me sobre o peso das decisões baseadas nas exceções do Código Penal Brasileiro que permitem o aborto em casos de estupros e quando põe em risco a vida da mãe.
Há pouco tempo atrás eu pude compartilhar com vocês os fatos reais que sucederam na polêmica história da menina de 9 anos que engravidou do padrasto e foi induzida a abortar de gêmeos, contra a sua própria vontade e contra a vontade dos seus pais naturais.
A sociedade precisa amadurecer o tema "aborto". O mundo está muito acelerado, materialista e egoísta. A busca por soluções práticas se sobrepõe a valores "inquestionáveis". Leia e reflita.
Cuiabano nascido de um ato de violência sexual transforma no dia-a-dia os traumas da rejeição e discriminação sofridos na infância e adolescência numa campanha de amor e valorização da vida. Há 11 anos, Paulo Marcos de Barros, 37, que hoje é pastor da Igreja Batista Nacional (Brasil), conta a sua história em igrejas, escolas, seminários, congressos e palestras de motivação em empresas.
Mais recentemente, há quatro anos, ele produziu um documentário em vídeo no qual apresenta testemunhos e relata o que aconteceu com a sua mãe, Regina das Graças Barros, hoje com 57 anos. Regina é uma deficiente mental que aos 18 anos foi violentada sexualmente por cinco homens em diferentes ocasiões até à descoberta da gravidez pelos pais.
Acometida por meningite e sarampo com menos de dois anos de vida, ela teve danos cerebrais irreversíveis. Regina nunca falou fluentemente. Além disso, a deficiência agravou-se e outras doenças surgiram, como a hipertensão e um cancro uterino em 1999. Para piorar, hoje ela está praticamente cega e dependente de uma cadeira de rodas.
Com a morte dos pais de Regina, Raida e Aristóbolo Barros, há 19 anos, o filho rejeitado pelos parentes e amigos tornou-se no anjo de guarda da mãe. É ele quem lhe dá banho, põe o alimento na boca, a leva para a cama e ainda pinta os seus cabelos, corta e faz as suas unhas. Ele diz que como a mãe sempre foi vaidosa e reclamava quando os cabelos estavam feios, sem corte ou com fios brancos, ele decidiu manter esses cuidados mesmo agora, quando ela não consegue ver com nitidez, porque percebe que o cuidado lhe agrada.
“Acho que nasci e sobrevivi porque tenho como missão cuidar da minha mãe e ajudar outras pessoas com o meu testemunho”, avalia o pastor. De acordo com Paulo, chocados com a gravidez da filha deficiente, os avós dele chegaram a levar Regina a dois médicos na tentativa de fazer o aborto, mas um deles pediu alguns dias para pensar e o outro recusou-se a fazê-lo, ao constatar que a gestação já estava no quinto mês.
Se não bastasse, Paulo nasceu prematuro, de sete meses, pesando apenas um quilo e 100 gramas, numa época em que a medicina não dispunha de recursos como UTI neonatal. “A minha avó contava que eu era tão pequeno que para ajudar na minha recuperação ela mantinha-me aquecido em panos dentro de uma caixa de sapatos”, recorda.
A proposta do pastor é que esse documentário indique que estão errados aqueles que reclamam da vida por coisas sem importância ou que pensam em desistir de viver. Ele frisa que as experiências dele são prova de que não existem problemas intransponíveis. Casado com a comerciária Karina Barros e pai do pequeno David, de cinco anos, Paulo diz que se considera, acima de tudo, uma pessoa feliz. Ele diz que curou os próprios traumas, vindos do facto de saber ser fruto de um caso de violência sexual.
Paulo levantou informações sobre a deficiência, o estupro, a gravidez da mãe e o seu nascimento com parentes, vizinhos, médicos e outras pessoas. Ele conta que a mãe, que tinha idade mental de uma criança de cinco anos por causa da deficiência, primeiro foi estuprada pelo filho de uma vizinha, depois por um soldado, dias ou meses após pelo marido de outra vizinha e em seguida pelo rapaz que supostamente seria seu pai. Os atos de violência ocorriam quando ela visitava vizinhos ou brincava na porta de outras casas da rua onde morava.
Fonte: http://www.iqc.pt
Contribuição: Blog do Rogério Greco

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