sábado, 16 de outubro de 2010

Antiga escola do crime, cadeia agora oferece ensino para reinserção social


Os benefícios são visíveis tanto para os detentos quanto para a sociedade

Aproveitar o tempo livre para assistir às aulas e fazer os deveres com o intuito de um futuro melhor. Essas atividades parecem até fazer parte da rotina de uma criança ou adolescente, mas quem as leva ao pé da letra são presos da Cadeia Pública da Comarca de Anita Garibaldi.

Idealizado pelo Poder Judiciário catarinense, em parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), da Prefeitura Municipal de Anita Garibaldi, e com o Ministério Público, o projeto “Educação: uma possibilidade de reinserção social” oferece aos detentos a chance de retomarem os estudos.

Dos 23 presos, 12 abraçaram a oportunidade. Três deles, inclusive, não sabiam ler nem escrever e estão conhecendo o mundo das palavras por meio da iniciativa. O restante faz supletivo para a conclusão dos ensinos fundamental e médio.

Segundo o juiz Juliano Serpa, responsável pelo projeto criado em agosto deste ano, os benefícios são visíveis tanto para os detentos quanto para a sociedade. “A solidariedade entre eles e a autoestima estão muito mais intensas, ajudam uns aos outros nas lições. Passam os dias mais ocupados e ficam menos ansiosos”, constata.

Atualmente, as aulas são ministradas durante a semana por duas professoras nos corredores de acesso às celas, e em breve terão uma sala apropriada nas dependências da penitenciária. O juiz Juliano revela que, no começo, as professoras 'mamãezonas' – como são chamadas pelos presos – tiveram um certo receio; no entanto, o dia a dia no presídio as fez mudar de ideia.

“Elas ficaram meio receosas, mas hoje dizem se sentir gratificadas com esse novo aprendizado”, conta. Com a iniciativa, os alunos-detentos também podem ter a remissão da pena. Seis dias de aula equivalem a um dia a menos no centro de detenção. “É um projeto novo e tem sido bastante gratificante, justamente pelo fato de os presos verem uma nova expectativa de vida, após deixarem a prisão”, conclui.

O magistrado tem intenção de levar essa ideia a outras comarcas do estado. Conforme recente estudo, o índice de reincidência de um preso gira em torno de 90%. Já para os que têm oportunidades de melhoria de vida no interior dos presídios, o percentual não ultrapassa os 20%.

Fonte: TJSC

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