Em abril do ano passado, o juiz de Direito Evandro Pelarin, da vara da Infância e da Juventude de Fernandópolis/SP, ganhou notoriedade global (relativo ou pertencente à Rede Globo) ao instituir um toque de recolher na cidade, restringindo o horário de permanência de menores nas ruas. Tomando gosto pela coisa, poucos meses depois ele propôs à Casa de Leis local uma lei seca, para obrigar que estabelecimentos comerciais que vendem bebidas alcoólicas fechassem mais cedo. Para quem achava que iria ficar nisso, em julho deste ano ele inventou o "toque escolar", determinando que policiais e conselheiros tutelares da cidade abordem jovens fora da escola em horário letivo. Agora, segundo o jornal Folha de S.Paulo, o magistrado decidiu que uma mãe, cuja filha é assídua na cábula, deveria assistir às aulas junto a gazeteira. Como já disse alhures, tem gente na profissão errada.
"Quando um juiz determina que a mãe da jovem de 14 anos deve estar com ela na sala de aula, ele atesta a incapacidade da escola de fazer o seu trabalho, interfere nas formas educativas de formar cidadãos e desestimula a autonomia e responsabilidade. O que assistimos em Fernandópolis é a 'judicialização da vida'. É a crença de que todos os problemas e questões podem e devem ser resolvidos pela Justiça. Justiça é impositiva, escola é educativa. A educação tem se mostrado um processo social forte e potente para interferir na vida coletiva. É preciso cuidar para que a Justiça não impeça a educação de fazer seu trabalho. Se medidas educativas não deram certo, por que daria certo a imposição judicial? A escola nunca termina sua tarefa e por isto não se deve, neste campo, dizer que nenhuma medida deu certo." Ana Mercês Bahia Bock, psicóloga, hoje na Folha de S.Paulo
Fonte: Migalhas
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