por Josué Maranhão
REFÚGIO – O samba, em sua irreverência, às vezes faz chacota, às vezes usa o sarcasmo, geralmente abordando temas da vida do povo.
No entanto, há algumas décadas, o sambista Bezerra da Silva, certamente dotado de premonição, lançou - e alcançou imenso sucesso - o samba que tem um refrão exaustivamente repetido:
- “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”.
O sambista, certamente usando de seus poderes paranormais, estava se referindo aos atuais políticos brasileiros.
Não há necessidade de ir muito longe, revolver muita coisa do passado. Fatos recentes, somente desta década, são suficientes para mostrar que o sambista tinha total e absoluta razão quando teve a idéia do refrão do samba.
Apenas uma amostra:
- A criação do sistema de uso de dinheiro público para financiar campanha política, tendo como intermediário um dono de agência de publicidade, no caso o famigerado Marcos Valério, vulgo “Carequinha”. Segundo denúncia do Ministério Público, aceita pelo Supremo Tribunal Federal, o senador do PSDB e ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo vai responder a processo penal, o que é raro, no Brasil. Ele e o Valério foram os precursores do escândalo maior.
- Na sequência, além de outros casos de pequena monta, detonou e foi apurada a existência do “mensalão”. Quem estava envolvido? Mais uma vez o tal Valério. Além disso, pelo menos quarenta quadrilheiros, entre eles o então chefe da Casa Civil do presidente Lula, dezenas de congressistas e dirigentes do Partido dos Trabalhadores. Sim, aquele PT que era, até então, o paladino da moral e da ética. Quem disse que havia quadrilheiros no “mensalão” foi o Supremo Tribunal Federal, quando aceitou a denúncia e mandou instaurar a ação penal contra quarenta dos denunciados .
- Afora outros casos de menor repercussão, como aquele do celebre dossiê, com militantes do PT envolvidos, presos em flagrante, exatamente aqueles que o presidente Lula chamou de “aloprados” não parou ai a sanha.
- Agora estourou o escândalo do que está sendo chamado de “Mensalão” do governo do Distrito Federal. A coisa é feia! Há de tudo! Desde dinheiro na cueca (como ocorreu anteriormente quando foi preso um assessor do irmão do então presidente do PT, José Genoíno), também dinheiro de corrupção nas meias, em sacolas e diversas outras formas. Enfim, não interessa a forma. O que interessa é o conteúdo, digo, a roubalheira. Por falar nisso, quem está envolvido no novo caso? O governo do Distrito Federal, vários secretários, deputados e outros apaniguados. São vinculados, principalmente, ao Partido Democrata.
Até agora se pode observar que os escândalos envolveram três dos quatro principais partidos políticos brasileiros. Pela ordem cronológica, o PSDB, o PT e o Democrata.
Não se imagine que o PMDB seja um poço de candura e um nicho de honestidade. Não há sequer um caso específico a destacar. O partido esteve envolvido em todos os escândalos e casos de corrupção. Afinal, quem tem em seus quadros os “coronés” do Maranhão e das Alagoas, não pode pretender ser imaculado. Aliás, para não fugir à regra, no “mensalão” do Distrito Federal, na sequência de vídeos, foram citados alguns próceres peemedebistas, inclusive o líder de sua bancada na Camada dos Deputados. Também surgiu o nome do presidente do partido, que também é presidente da Câmara.
Os outros partidos, os nanicos, sempre estão pendurados nos quatro grandes. Não estão imunes. Também, se gritar “pega ladrão”, como diz o samba, não escapam. Os nanicos, mais conhecidos pela função de locadores de legendas, são os formadores das chamadas “bases alugadas”. Também freqüentam os escândalos, como foi o caso do “mensalão” do PT e do “mensalão” do Distrito Federal.
Além disso, há um detalhe curioso: os nanicos sempre imitam os partidos grandes. Dessa forma, se os maiorais se envolvem em corrupção, ninguém duvide, os pequenos também estão presentes.
Há, ainda, há o caso que paira no ar, envolvendo a governadora do Rio Grande do Sul, também do PSDB. Nunca foi bem explicado, apesar do fracasso da CPI, ante a pressão da bancada tucana majoritária.
O que explicaria tanta bandalheira? A impunidade, sem dúvida!
A Polícia Federal tem se empenhado - sem nenhum êxito, destaque-se - em investigar os casos de roubalheiras envolvendo os políticos brasileiros. São centenas de operações, com os nomes mais estrambóticos. Há uma mania por nomes de animais, daí as operações: Águia, Sucuri, Gafanhoto, Cavalo de Tróia, Garça, Lince, Pardal, por exemplo. Outras aproveitam nomes exóticos, como Vampiro, Zumbi, Midas, Faraó, etc., etc.
Um rápido levantamento que se faça, comprova que a Polícia Federal, nas operações realizadas entre os anos de 2003 e 2009 (até novembro) prendeu alguns milhares de pessoas. O interessante, no entanto, é que as estatísticas daquela polícia destacam os presos enquadrados como “Servidores Públicos”.
Pois bem, no período 2003/2009, nas diversas operações da PF, foram presos 1.858 “servidores públicos”. Como toda certeza, na rubrica “servidores públicos” devem ter sido incluídos desembargadores, juízes, também deputados e outros políticos. Foram centenas, além disso, aqueles que foram indiciados, embora não tenham sido presos. Disso é exemplo o caso de um ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Alguém se lembra de algum político importante, ou um magistrado que tenha sido indiciado, julgado, condenado e que haja cumprido pena? Por que entre os 1.858 denominados “servidores públicos”, incluídos ai também os políticos, não se tem noticia de nenhum “peixe graúdo” que tenha visto o “sol quadrado” durante algum tempo?
Para manter o adágio de que “toda regra tem exceção”, há, apenas, o caso de um Juiz Federal de São Paulo que foi preso, condenado em várias ações e cumpriu pena. Além de outras facetas, era vendedor de sentenças. Nada de inusual, no entanto.
Entre os políticos há o forte corporativismo, o compadrio, o conchavo e outras mazelas. Ai a base da impunidade que a cada dia mais se alastra. Há, ainda, o problema de “ter o rabo preso”. Ninguém se arrisca a cassar o mandato, prender e condenar um político. A represália seria certa.
Há, ainda, ocorrências de chantagens. Veja-se o caso do governador do Distrito Federal. À primeira hora, explodida a bomba dos escândalos, os próceres do Democrata apressaram-se em “cantar aos quatro ventos” que o tal governador seria expulso do partido. Bastou, no entanto, que o “impoluto e probo” governador ameaçasse radicalizar, se o partido radicalizasse, e, no mesmo instante, tudo mudou. Foi dado um prazo, um relator nomeado renunciou, o outro disse que não sabia de nada. E por aí vai!
Não há o que duvidar:
- “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!”
Fonte: Última Instância
REFÚGIO – O samba, em sua irreverência, às vezes faz chacota, às vezes usa o sarcasmo, geralmente abordando temas da vida do povo.
No entanto, há algumas décadas, o sambista Bezerra da Silva, certamente dotado de premonição, lançou - e alcançou imenso sucesso - o samba que tem um refrão exaustivamente repetido:
- “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”.
O sambista, certamente usando de seus poderes paranormais, estava se referindo aos atuais políticos brasileiros.
Não há necessidade de ir muito longe, revolver muita coisa do passado. Fatos recentes, somente desta década, são suficientes para mostrar que o sambista tinha total e absoluta razão quando teve a idéia do refrão do samba.
Apenas uma amostra:
- A criação do sistema de uso de dinheiro público para financiar campanha política, tendo como intermediário um dono de agência de publicidade, no caso o famigerado Marcos Valério, vulgo “Carequinha”. Segundo denúncia do Ministério Público, aceita pelo Supremo Tribunal Federal, o senador do PSDB e ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo vai responder a processo penal, o que é raro, no Brasil. Ele e o Valério foram os precursores do escândalo maior.
- Na sequência, além de outros casos de pequena monta, detonou e foi apurada a existência do “mensalão”. Quem estava envolvido? Mais uma vez o tal Valério. Além disso, pelo menos quarenta quadrilheiros, entre eles o então chefe da Casa Civil do presidente Lula, dezenas de congressistas e dirigentes do Partido dos Trabalhadores. Sim, aquele PT que era, até então, o paladino da moral e da ética. Quem disse que havia quadrilheiros no “mensalão” foi o Supremo Tribunal Federal, quando aceitou a denúncia e mandou instaurar a ação penal contra quarenta dos denunciados .
- Afora outros casos de menor repercussão, como aquele do celebre dossiê, com militantes do PT envolvidos, presos em flagrante, exatamente aqueles que o presidente Lula chamou de “aloprados” não parou ai a sanha.
- Agora estourou o escândalo do que está sendo chamado de “Mensalão” do governo do Distrito Federal. A coisa é feia! Há de tudo! Desde dinheiro na cueca (como ocorreu anteriormente quando foi preso um assessor do irmão do então presidente do PT, José Genoíno), também dinheiro de corrupção nas meias, em sacolas e diversas outras formas. Enfim, não interessa a forma. O que interessa é o conteúdo, digo, a roubalheira. Por falar nisso, quem está envolvido no novo caso? O governo do Distrito Federal, vários secretários, deputados e outros apaniguados. São vinculados, principalmente, ao Partido Democrata.
Até agora se pode observar que os escândalos envolveram três dos quatro principais partidos políticos brasileiros. Pela ordem cronológica, o PSDB, o PT e o Democrata.
Não se imagine que o PMDB seja um poço de candura e um nicho de honestidade. Não há sequer um caso específico a destacar. O partido esteve envolvido em todos os escândalos e casos de corrupção. Afinal, quem tem em seus quadros os “coronés” do Maranhão e das Alagoas, não pode pretender ser imaculado. Aliás, para não fugir à regra, no “mensalão” do Distrito Federal, na sequência de vídeos, foram citados alguns próceres peemedebistas, inclusive o líder de sua bancada na Camada dos Deputados. Também surgiu o nome do presidente do partido, que também é presidente da Câmara.
Os outros partidos, os nanicos, sempre estão pendurados nos quatro grandes. Não estão imunes. Também, se gritar “pega ladrão”, como diz o samba, não escapam. Os nanicos, mais conhecidos pela função de locadores de legendas, são os formadores das chamadas “bases alugadas”. Também freqüentam os escândalos, como foi o caso do “mensalão” do PT e do “mensalão” do Distrito Federal.
Além disso, há um detalhe curioso: os nanicos sempre imitam os partidos grandes. Dessa forma, se os maiorais se envolvem em corrupção, ninguém duvide, os pequenos também estão presentes.
Há, ainda, há o caso que paira no ar, envolvendo a governadora do Rio Grande do Sul, também do PSDB. Nunca foi bem explicado, apesar do fracasso da CPI, ante a pressão da bancada tucana majoritária.
O que explicaria tanta bandalheira? A impunidade, sem dúvida!
A Polícia Federal tem se empenhado - sem nenhum êxito, destaque-se - em investigar os casos de roubalheiras envolvendo os políticos brasileiros. São centenas de operações, com os nomes mais estrambóticos. Há uma mania por nomes de animais, daí as operações: Águia, Sucuri, Gafanhoto, Cavalo de Tróia, Garça, Lince, Pardal, por exemplo. Outras aproveitam nomes exóticos, como Vampiro, Zumbi, Midas, Faraó, etc., etc.
Um rápido levantamento que se faça, comprova que a Polícia Federal, nas operações realizadas entre os anos de 2003 e 2009 (até novembro) prendeu alguns milhares de pessoas. O interessante, no entanto, é que as estatísticas daquela polícia destacam os presos enquadrados como “Servidores Públicos”.
Pois bem, no período 2003/2009, nas diversas operações da PF, foram presos 1.858 “servidores públicos”. Como toda certeza, na rubrica “servidores públicos” devem ter sido incluídos desembargadores, juízes, também deputados e outros políticos. Foram centenas, além disso, aqueles que foram indiciados, embora não tenham sido presos. Disso é exemplo o caso de um ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Alguém se lembra de algum político importante, ou um magistrado que tenha sido indiciado, julgado, condenado e que haja cumprido pena? Por que entre os 1.858 denominados “servidores públicos”, incluídos ai também os políticos, não se tem noticia de nenhum “peixe graúdo” que tenha visto o “sol quadrado” durante algum tempo?
Para manter o adágio de que “toda regra tem exceção”, há, apenas, o caso de um Juiz Federal de São Paulo que foi preso, condenado em várias ações e cumpriu pena. Além de outras facetas, era vendedor de sentenças. Nada de inusual, no entanto.
Entre os políticos há o forte corporativismo, o compadrio, o conchavo e outras mazelas. Ai a base da impunidade que a cada dia mais se alastra. Há, ainda, o problema de “ter o rabo preso”. Ninguém se arrisca a cassar o mandato, prender e condenar um político. A represália seria certa.
Há, ainda, ocorrências de chantagens. Veja-se o caso do governador do Distrito Federal. À primeira hora, explodida a bomba dos escândalos, os próceres do Democrata apressaram-se em “cantar aos quatro ventos” que o tal governador seria expulso do partido. Bastou, no entanto, que o “impoluto e probo” governador ameaçasse radicalizar, se o partido radicalizasse, e, no mesmo instante, tudo mudou. Foi dado um prazo, um relator nomeado renunciou, o outro disse que não sabia de nada. E por aí vai!
Não há o que duvidar:
- “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!”
Fonte: Última Instância
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