Desde que começou a sentir amores de mãe pela menina que encontrou num terreno, a diarista só pensa em conseguir a adoção. Ela vai entrar na Justiça com um pedido de guarda provisória. Mesmo assim, ela já foi informada de que a chance é pequena
Já nem dorme mais sossegada. Os olhos estão sempre marejados. É um querer ser mãe, todo feito de esperança. “Eu sei que Deus me escolheu para ser mãe dela. Falta só a justiça do homem me dar esse direito”, acredita a diarista, o anjo da guarda da menina recém-nascida que foi abandonada num terreno baldio da Granja Portugal. Desde sábado de manhã, quando encontrou a menina, a vida da diarista de 35 anos consiste em “plantões” no Hospital Nossa Senhora da Conceição, idas ao Fórum Clóvis Beviláqua, à Defensoria Pública.
Segundo informações do hospital, a menina está bem. Continua tomando antibióticos, mas está evoluindo e se alimentando bem. “Quando se faz uso de antibióticos, os bebês ficam de 7 a 10 dias. Se tudo correr bem, provavelmente ela receba alta nesse período”, informa uma funcionária do hospital, que preferiu não se identificar.
“Quando vou dormir, eu fico pensando nela lá no hospital. Todo dia eu vou lá, eu nem queria sair de perto dela. Ontem (segunda-feira), as enfermeiras disseram que ela chorou a manhã toda. Eu acredito que ela sentiu minha falta”, comenta a diarista, que já foi do sonho à frustração várias vezes, desde que começou a sentir preocupações e amores de mãe pela menina. Com a ajuda da Defensoria Pública, ela vai entrar na Justiça com um pedido de guarda provisória.
“Nós vamos tentar sensibilizar o juiz. É melhor que ela fique com a criança, já que foi ela que achou, do que a menina ficar num abrigo. Pela própria circunstância em que a criança foi encontrada, quem sabe se ela estaria viva se não fosse a ação dessa senhora?”, argumenta o defensor público Vicente Alfeu, coordenador dos defensores das varas da infância e da juventude.
No entanto, Alfeu explicou à diarista o quanto o caminho será complicado. “É uma demanda judicial muito difícil de prosperar. A lei é muito taxativa. Para adotar é preciso que os interessados estejam previamente inscritos e avaliados para adoção”, explica. Segundo ele, nestes casos, existe uma recomendação para que a criança, ao receber alta do hospital, seja levada ao abrigo. A Justiça entende que ainda não existe vínculo afetivo.
“A gente vai tentar a guarda, porque assim vai ser possível criar o vínculo. Mas vai ser difícil até conseguir a guarda. A lei obriga o interessado em adotar ter cadastro (no Cadastro Nacional de Adoção)”, avisa. Mesmo assim, a diarista tem fé. “As pessoas dizem que o caminho de Deus é muito estreito. Mas também é longo. As coisas acontecem no tempo de Deus”, acredita. O POVO não publica o nome da diarista a pedido dela.
ENTENDA O CASO
Foi a vizinha da diarista quem primeiro percebeu o choro. Ela acordou, por volta das 4 da madrugada de sábado, e foi chamar a amiga que mora ao lado. As duas foram até o quintal tentar identificar de onde vinha o som.
A diarista ficou inquieta e decidiu ir até o terreno. Depois que encontrou o bebê, ligou para o Ronda do Quarteirão. Foram os policiais que levaram a criança até o hospital.
A recém-nascida está no berçário do hospital. “Provavelmente, ela nasceu no dia que foi encontrada”, diz a assistente social do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Fátima Varela.
A diarista registrou boletim de ocorrência (B.O) no 12º Distrito Policial (DP). O caso será investigado pela Polícia. Segundo a diarista, nem ela, nem os vizinhos têm ideia de quem teria abandonado o bebê.
A mulher é mãe de duas outras meninas, uma de 14 e outra de 18 anos. Também é avó de uma garotinha de menos de dois anos.
Na última terça-feira, ela foi ao Fórum obter informações sobre como adotar a menina e voltou desanimada. Foi informada que não terá prioridade na adoção.
Fonte: O Povo Online; por Lucinthya Gomes.
Já nem dorme mais sossegada. Os olhos estão sempre marejados. É um querer ser mãe, todo feito de esperança. “Eu sei que Deus me escolheu para ser mãe dela. Falta só a justiça do homem me dar esse direito”, acredita a diarista, o anjo da guarda da menina recém-nascida que foi abandonada num terreno baldio da Granja Portugal. Desde sábado de manhã, quando encontrou a menina, a vida da diarista de 35 anos consiste em “plantões” no Hospital Nossa Senhora da Conceição, idas ao Fórum Clóvis Beviláqua, à Defensoria Pública.
Segundo informações do hospital, a menina está bem. Continua tomando antibióticos, mas está evoluindo e se alimentando bem. “Quando se faz uso de antibióticos, os bebês ficam de 7 a 10 dias. Se tudo correr bem, provavelmente ela receba alta nesse período”, informa uma funcionária do hospital, que preferiu não se identificar.
“Quando vou dormir, eu fico pensando nela lá no hospital. Todo dia eu vou lá, eu nem queria sair de perto dela. Ontem (segunda-feira), as enfermeiras disseram que ela chorou a manhã toda. Eu acredito que ela sentiu minha falta”, comenta a diarista, que já foi do sonho à frustração várias vezes, desde que começou a sentir preocupações e amores de mãe pela menina. Com a ajuda da Defensoria Pública, ela vai entrar na Justiça com um pedido de guarda provisória.
“Nós vamos tentar sensibilizar o juiz. É melhor que ela fique com a criança, já que foi ela que achou, do que a menina ficar num abrigo. Pela própria circunstância em que a criança foi encontrada, quem sabe se ela estaria viva se não fosse a ação dessa senhora?”, argumenta o defensor público Vicente Alfeu, coordenador dos defensores das varas da infância e da juventude.
No entanto, Alfeu explicou à diarista o quanto o caminho será complicado. “É uma demanda judicial muito difícil de prosperar. A lei é muito taxativa. Para adotar é preciso que os interessados estejam previamente inscritos e avaliados para adoção”, explica. Segundo ele, nestes casos, existe uma recomendação para que a criança, ao receber alta do hospital, seja levada ao abrigo. A Justiça entende que ainda não existe vínculo afetivo.
“A gente vai tentar a guarda, porque assim vai ser possível criar o vínculo. Mas vai ser difícil até conseguir a guarda. A lei obriga o interessado em adotar ter cadastro (no Cadastro Nacional de Adoção)”, avisa. Mesmo assim, a diarista tem fé. “As pessoas dizem que o caminho de Deus é muito estreito. Mas também é longo. As coisas acontecem no tempo de Deus”, acredita. O POVO não publica o nome da diarista a pedido dela.
ENTENDA O CASO
Foi a vizinha da diarista quem primeiro percebeu o choro. Ela acordou, por volta das 4 da madrugada de sábado, e foi chamar a amiga que mora ao lado. As duas foram até o quintal tentar identificar de onde vinha o som.
A diarista ficou inquieta e decidiu ir até o terreno. Depois que encontrou o bebê, ligou para o Ronda do Quarteirão. Foram os policiais que levaram a criança até o hospital.
A recém-nascida está no berçário do hospital. “Provavelmente, ela nasceu no dia que foi encontrada”, diz a assistente social do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Fátima Varela.
A diarista registrou boletim de ocorrência (B.O) no 12º Distrito Policial (DP). O caso será investigado pela Polícia. Segundo a diarista, nem ela, nem os vizinhos têm ideia de quem teria abandonado o bebê.
A mulher é mãe de duas outras meninas, uma de 14 e outra de 18 anos. Também é avó de uma garotinha de menos de dois anos.
Na última terça-feira, ela foi ao Fórum obter informações sobre como adotar a menina e voltou desanimada. Foi informada que não terá prioridade na adoção.
Fonte: O Povo Online; por Lucinthya Gomes.