quinta-feira, 22 de abril de 2010

Bando da degola é suspeito de agir também na Bahia

Em clima de dor e revolta, parentes de Fabiano Ferreira Moura
acompanharam o sepultamento na capital

A influência de Frederico Costa Flores de Carvalho – chefe da quadrilha acusada de assassinar e decapitar os empresários Rayder Rodrigues e Fabiano Ferreira Moura e de torturar pelo menos outras duas pessoas para extorquir dinheiro –, não se limita às divisas de Minas. Contratado por muitos sindicatos ligados ao braço mineiro da Força Sindical, por meio da empresa 404 Comunicação, para promoção de eventos na capital, Contagem, Ouro Branco, Betim e outras cidades do estado, ele também teria usado de seus contatos para assinatura de contratos de prestação de serviços à Força Sindical da Bahia, por meio de uma produtora de eventos mantida em sociedade com o colega de faculdade Ângelo Palhares. Os corpos de Rayder e Fabiano foram enterrados quarta-feira, no Cemitério Parque da Colina, na Região Oeste de BH, em clima de emoção e de confiança na Justiça. Entenda o caso.

Desde meados do ano passado, Ângelo se encontra num vaivém na ponte aérea BH-Salvador para organizar a maior festa da Força Sindical, a de 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Ao saber da prisão do amigo, disse “ter ficado perplexo pela crueldade”. Em contato na quarta-feira com Ângelo, que, por acaso, estava reunido na sede baiana da Força Sindical, com a presidente regional da entidade, Nair Goulart, ele negou ter sido favorecido por Frederico para conseguir contratos empresariais. E se limitou a dizer que não sabe “o motivo de sua produtora ter sido ligada ao nome do amigo”. Já a sindicalista disse não conhecer Frederico.

Segundo o titular da Delegacia de Crimes contra a Vida, delegado Wagner Pinto, a polícia já entrou em contato com Ângelo, que deve ser intimado a depor nos próximos dias, para colher informações. “Eles moraram juntos num apartamento no Bairro da Serra e eram sócios numa empresa de eventos”, diz o policial. Ângelo teria feito estágio no escritório de advocacia da mãe de Frederico.

Em Minas, a relação de Frederico Flores com entidades de classe e deputados está estritamente ligada ao seu primo de terceiro grau e ex-sindicalista Carlos Calazans. Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre 1987 e 1993, e delegado Regional do Trabalho de 2002 a 2006, Calazans teria apresentado seus contatos ao parente e, com isso, Fred obteve dezenas de contratos de publicidade com sindicatos mineiros.

A parceria familiar teria sido rompida em setembro, depois que o ex-sindicalista foi torturado e extorquido por Frederico. Para investigar o caso, a titular do 1º Distrito Policial, delegada Maria Antônia, pediu a apreensão de todos computadores e documentos da agência de publicidade, o que resultou no fechamento temporário do escritório. Depois disso, o acusado de comandar a quadrilha teria desfeito a sociedade com Vinícius, também vítima do bando. Mas o rompimento não durou muito e ele tentou reaver sua parte na empresa, coagindo o ex-sócio numa sessão de duas horas de tortura e abusos, relatados à polícia na terça-feira, quase dois meses depois.

Suspeito

Além de Ângelo, a titular do inquérito, delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, deve convocar mais testemunhas para depor na Delegacia de Homicídios Sul. Está sendo investigada a participação de uma sétima pessoa na execução de Rayder e Fabiano, que tiveram as cabeças e dedos decepados depois de assassinados em apartamento do Bairro Sion, na Região Centro-Sul da capital. Esse suspeito teria ficado com o Citroën C3 de uma das vítimas e o abandonado dois dias depois da prisão de quatro integrantes da quadrilha.

No enterro de Rayder e Fabiano, quarta-feira, comoção de parentes e amigos. Depois de confirmado, por exame de DNA, que os corpos eram mesmo dos dois empresários, o Instituto Médico Legal os liberou para sepultamento, mas a polícia não tem informação sobre o paradeiro das cabeças e dos dedos. A procura foi feita em dois lugares – Aglomerado da Serra e Mata da Mutuca – com ajuda do Corpo de Bombeiros, mas nada foi achado. Os acusados ouvidos até agora negam conhecer o paradeiro dos membros decepados.

Fonte: Uai - Minas

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