A Vara de Execuções Penais de Brasília, que concedeu ao pedreiro Admar Jesus da Silva o direito à prisão domiciliar, recebeu um alerta do Ministério Público sobre a manutenção do maníaco à solta e pedindo rígida fiscalização sobre o ex-detento, para resguardar a dignidade e a integridade sexual de crianças. Expedido pela promotora Maria José Miranda Pereira em 14 de janeiro passado, quando quatro vítimas já tinham sido executadas pelo assassino confesso, o alerta poderia ter salvo a vida dos dois últimos rapazes.
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"Foi uma conjugação absurda de erros", lamentou a procuradora. No seu despacho, escrito à mão, ela se mostra espantada com o fato de Admar ter sido solto. Alerta que "não existe ex-estuprador" e que, diante da "extrema gravidade dos ignóbeis crimes" praticados pelo sentenciado, condenado a 14 anos de prisão por violência sexual contra duas crianças em Brasília, em 2005, requereu a expedição imediata emissão de mandados "para fiscalização sistemática e reiterada" do pedreiro, que foi morar com a irmã em Luziânia.
Por conta do alerta da promotora, a Justiça mandou um oficial de Justiça verificar se Admar cumpria as normas da prisão domiciliar, que incluía dormir sempre em casa. No início da tarde de 22 de janeiro, quando as mães, familiares e vizinhos dos cinco primeiros meninos desaparecidos faziam manifestação para pedir providência às autoridades, Admar assassinava a última vítima, Márcio Luiz de Souza Lopes, a pauladas e golpes de enxadão.
Na noite desse mesmo dia, por força do alerta da promotora, o oficial de Justiça Elias Gonçalves dos Santos esteve na residência do pedreiro, às 23h21, no bairro Estrela Dalva, o mesmo onde residia a maioria das vítimas. O oficial constatou que Admar dormia e, no dia seguinte, 23, entregou ao juiz a "Certidão de Constatação Positiva", com a constatação de que o "Sr. Admar Jesus da Silva... encontrava-se em sua residência".
Por meio de nota, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal informa que a progressão foi concedida com base na lei em vigor, cumpridos dois sextos da pena a que o réu fora condenado e amparada em parecer do próprio Ministério Público, assinado por duas promotoras.
Para Maria José, todavia, houve uma conjugação absurda de erros da Justiça e também do MP nesse caso, que emitiu pareceres contraditórios. O último, que amparou a soltura do maníaco, desconsiderou seis relatórios anteriores que o consideravam "psicopata frio e perigoso", cuja convivência social era totalmente irrecomendável. "O estado falhou, há uma insensibilidade geral porque filhos de desembargadores, ministros e autoridades são protegidos e quase nunca são estuprados", lamentou a promotora.
Na ocasião em que a promotora emitiu o alerta de risco, quatro rapazes já haviam sido assassinados pelo pedreiro Adimar Jesus da Silva. O mais recente foi Divino Luiz Lopes da Silva, morto na véspera, dia 13. A seguir, seria a vez de Flávio Augusto dos Santos, morto dia 18 de janeiro e por fim Márcio Luiz de Souza Lopes, dia 22. Antes, já haviam sido assassinados Diego Alves Rodrigues, de 13 anos, em 30 de dezembro; Paulo Victor de Azevedo Lima (16), em 4 de janeiro e George Rabelo dos Santos (17), em 10 de janeiro.
Fonte: Estadão
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"Foi uma conjugação absurda de erros", lamentou a procuradora. No seu despacho, escrito à mão, ela se mostra espantada com o fato de Admar ter sido solto. Alerta que "não existe ex-estuprador" e que, diante da "extrema gravidade dos ignóbeis crimes" praticados pelo sentenciado, condenado a 14 anos de prisão por violência sexual contra duas crianças em Brasília, em 2005, requereu a expedição imediata emissão de mandados "para fiscalização sistemática e reiterada" do pedreiro, que foi morar com a irmã em Luziânia.
Por conta do alerta da promotora, a Justiça mandou um oficial de Justiça verificar se Admar cumpria as normas da prisão domiciliar, que incluía dormir sempre em casa. No início da tarde de 22 de janeiro, quando as mães, familiares e vizinhos dos cinco primeiros meninos desaparecidos faziam manifestação para pedir providência às autoridades, Admar assassinava a última vítima, Márcio Luiz de Souza Lopes, a pauladas e golpes de enxadão.
Na noite desse mesmo dia, por força do alerta da promotora, o oficial de Justiça Elias Gonçalves dos Santos esteve na residência do pedreiro, às 23h21, no bairro Estrela Dalva, o mesmo onde residia a maioria das vítimas. O oficial constatou que Admar dormia e, no dia seguinte, 23, entregou ao juiz a "Certidão de Constatação Positiva", com a constatação de que o "Sr. Admar Jesus da Silva... encontrava-se em sua residência".
Por meio de nota, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal informa que a progressão foi concedida com base na lei em vigor, cumpridos dois sextos da pena a que o réu fora condenado e amparada em parecer do próprio Ministério Público, assinado por duas promotoras.
Para Maria José, todavia, houve uma conjugação absurda de erros da Justiça e também do MP nesse caso, que emitiu pareceres contraditórios. O último, que amparou a soltura do maníaco, desconsiderou seis relatórios anteriores que o consideravam "psicopata frio e perigoso", cuja convivência social era totalmente irrecomendável. "O estado falhou, há uma insensibilidade geral porque filhos de desembargadores, ministros e autoridades são protegidos e quase nunca são estuprados", lamentou a promotora.
Na ocasião em que a promotora emitiu o alerta de risco, quatro rapazes já haviam sido assassinados pelo pedreiro Adimar Jesus da Silva. O mais recente foi Divino Luiz Lopes da Silva, morto na véspera, dia 13. A seguir, seria a vez de Flávio Augusto dos Santos, morto dia 18 de janeiro e por fim Márcio Luiz de Souza Lopes, dia 22. Antes, já haviam sido assassinados Diego Alves Rodrigues, de 13 anos, em 30 de dezembro; Paulo Victor de Azevedo Lima (16), em 4 de janeiro e George Rabelo dos Santos (17), em 10 de janeiro.
Fonte: Estadão
Ilustração: Agência Estado... "A Vara de Execuções Penais de Brasília, que concedeu ao pedreiro Admar Jesus da Silva o direito à prisão domiciliar, recebeu um alerta do Ministério Público sobre a manutenção do maníaco à solta e pedindo rígida fiscalização sobre o ex-detento, para resguardar a dignidade e a integridade sexual de crianças."
3 comentários:
Está nos jornais o caso de Luziânia. Jovens foram desaparecendo em janeiro, no interior de Goiás, e agora se descobre que foram assassinados. O autor, um ex-presidiário que cumpria prisão domiciliar, e tinha sido condenado anteriormente por abuso sexual de menores. Procura-se, então, outros culpados. É fácil. A culpa é da sanha da sociedade em condenar. Melhor explicando. O caso era, e é, de internação em manicômio judiciário, pois o referido cidadão é um psicopata. Tem de ser excluído (até prova inequívoca de cura) do convívio social. Em muitos casos, como facilmente se prevê, nunca haverá cura. Mas o fato é que se o internamos, não teremos aquela manchete que gostosamente se vê : fulano foi condenado a XX anos de cadeia. E aí não saciamos a vontade de ver o criminoso atrás das grades, vendo o sol nascer quadrado, mofando na cadeia... E, por isso, indo atrás das manchetes, corremos o risco de encontrar daqui a pouco malucos soltos. Convenhamos, alguém aí está disposto a encontrar o maníaco do parque na rua ? Mas é o que pode acontecer. E foi o que se deu no vetusto caso do bandido da luz vermelha, que nunca poderia ter saído do manicômio. A sanha de justiça foi tão grande na época - muitos dos senhores nem sequer tinham nascido -, que ele foi condenado. Cumpriu seus 30 anos. Saindo, durou pouco tempo. Depois de peregrinar por programas de auditório sensacionalistas, antes que matasse, acabou morto. Enquanto não aceitarmos o fato de que há diferença entre doentes mentais, e delinquentes de ocasião, iremos assistir a isso se repetir, de quando em quando.
Ademar Jesus da Silva, que confessou ter matado seis jovens em Luziânia/GO, foi encontrado morto ontem na cela onde estava detido, em Goiânia. Os jornais de hoje ainda se prezam a veicular uma notinha em suas primeiras páginas. Amanhã, o caso não vai merecer nem sequer uma letra. E assim vamos vivendo... E tem gente que ainda reclama de Cuba, de Guantánamo... Eles são fichinhas perto de nós.
Ah ! Que bom
Começamos esta semana com Ademar Jesus da Silva, que confessou ter matado seis jovens em Luziânia/GO, e foi encontrado morto na cela onde estava detido (Migalhas 2.369 - 19/4/10). Sem querer fazer profecias, dizíamos que os jornais daquele dia ainda condescendiam em veicular uma notinha em suas primeiras páginas, mas que o assunto sumiria da pauta num piscar d'olhos. Pois bem. Ganha hoje uma bala quem encontrar alguma referência ao caso nos matutinos tupiniquins. E assim vamos vivendo... Quando outro cidadão escancarar, como este fez, as falhas do nosso sistema prisional, o único jeito de vivermos felizes em nossa asséptica hipocrisia é torcer (e, acreditem, tem gente que pensa assim !) para que ele tenha o mesmo fim do pedreiro de Luziânia.
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