O Zero Hora mostra hoje que uma proposta polêmica está dando certo no Rio Grande do Sul. É a tal "bolsa-infrator". O nome é maldoso. Mas funciona.
Segundo o jornal, o programa funciona assim: quando o adolescente infrator (ou em conflito com a lei, como manda o vocabulário politicamente correto) sai para a liberdade, ganha atendimento especializado.
Recebe atendimento pedagógico, psicológico e uma bolsa de R$ 220,00 para estudar. Em um ano de programa, dos 167 que foram atendidos, só 16 caíram em reincidência. O índice normal costuma ser até oito vezes maior.
É claro que se cria um dilema ético: muita gente (usualmente aqueles considerados de direita) vai dizer que o que o governo está fazendo é dando prêmios a quem deveria ser punido.
Para outros (normalmente a esquerda), a sociedade tem obrigação de resgatrar seus cidadãos, ainda mais se ainda em fase de formação.
Mas o curioso é justamente que o programa foi criado e implantado num governo do PSDB, de Yeda Crusius, que tem tido posturas cada vez mais à direita.
De qualquer modo, a discussão é boa, e é bom que venha à tona.
Fonte: Zero Hora
Muitos jovens ainda tem salvação!
Todos os dias convivo com jovens infratores no meu trabalho na Defensoria Pública do Estado da Bahia. A Instituição celebrou um convênio com a Fundação Cidade Mãe para dar oportunidade aos adolescentes que adentraram na esfera do crime. Muitos jovens são iludidos por criminosos experientes na conquista do dinheiro fácil e de forma rápida. Drogam os pequenos infelizes que, ludibriados, terminam por cometer os delitos sob o comando de pessoas mais velhas, não só para ter uma vida melhor e manter o vício, como também, ajudar nas despesas da família. Fiquei surpresa com o desespero das mães. Dá um nó na garganta quando ouvimos os relatos: mãe é mãe. Por pior que seja a situação do seu filho, ela nos faz imaginar que aquela jovem criatura que está à nossa frente, um dia era um pequeno anjo que só lhe faltou as asas!
O mais interessante é que os adolescentes se engajam nas tarefas, são curiosos com sede de aprender, tiram suas dúvidas da escola conosco, e se mostram solícitos com uma humildade que muitas vezes me leva a pensar como aquele indivíduo tão próximo e bom, um dia se entregou às drogas, furtou, ameaçou etc. Constatei que muitos são carentes de um ofício e de orientação: a única oportunidade de "trabalho" que lhe surgiu em determinado momento de sua vida lhe foi oferecida por um traficante. É edificante compreender o quanto nós, por muitos momentos, julgamos e condenamos sem entender que se déssemos uma oportunidade àquela pessoa ela nunca teria entrado no mundo do crime.
"A Defensoria dá um importante passo em sua missão institucional que é a de garantir a Justiça integral do cidadão. Contribuir pra reinserção daqueles que erraram é acreditar na mudança e buscar uma sociedade mais justa. Isso já fazemos dentro da nossa instituição e em nossa atuação junto à população. Com esse acordo, estaremos mais próximos de outros entes que poderão ampliar estas possibilidades", frisou o subdefensor relembrando a parceria que a Defensoria Pública já desenvolve com a Fundação Cidade Mãe.
Hoje, cerca de 20 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas estagiam nos variados setores da Defensoria, sob acompanhamento da Escola Superior.
Karina Merlo
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