terça-feira, 9 de março de 2010

Aprenda a chamar a polícia


por Luis Fernando Veríssimo


Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

Liguei baixinho para a polícia informei a situação e o meu endereço.

Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa.

Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
- Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:
- Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.

Sim. Esse é um dos textos que vive sendo repassado pela Internet, conferindo a sua autoria ao exímio escritor Luis Fernando Veríssimo. Apesar da fonte não ser confiável, o seu interessante conteúdo revela a negligência daqueles que deveriam garantir a nossa segurança e muitas vezes se eximem do seu dever - afinal todos somos cidadãos contribuintes, e os impostos arduamente pagos por nós incluem esse serviço à luz da Constituição.

Entretanto, parece que a segurança tornou-se um tema banal para os nossos governantes. O fato das polícias comporem os órgãos estatais a baixos salários em relação aos riscos inerentes do cargo não é razão "suficiente" para que seja negligenciado o atendimento ao cidadão.

A ocorrência abaixo, datada de 09/03/2010, retrata exatamente um desses descasos por insuficiência de pessoal na Polícia, que graças à uma delegada de ATITUDE, teve um desfecho feliz:

A Procuradora do Estado, Lorena Miranda Santos Barreiros, junto com três parentes foram feitos reféns durante um sequestro que começou por volta das 22h de segunda (08) no bairro Costa Azul, em Salvador e terminou às 02h da madrugada de hoje (09), em Mapele, no município de Simões Filho. Lorena de 31 anos, estava com a mãe Silvia Cristina Miranda Santos, 55 anos, o marido, Jaime Barreiros Neto, 31 e João Gabriel Miranda Nunes, 18, na porta de casa quando foram abordados por dois homens que os colocaram dentro um carro.

De acordo com informações da delegada da 9ª Delegacia (Boca do Rio), Dalva, uma pessoa foi à delegacia registrar o ocorrido, mas como não tinha nenhum delegado na unidade, solicitaram a ajuda de um da 16ª Delegacia (Pituba), que contou com a ajuda do Centro de Operações Especiais (Coe). A ação contou ainda com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos.

'Enviamos uma equipe para orientar o Visão Noturna na delegacia de Repressão que conseguiu localizar onde estava o carro - em Simões Filho. Assim que descobrimos a localização foi feito um isolamento da área e iniciado o processo de negociação', informou Hélio Jorge, coordenador de planejamento do Coe.

Ainda de acordo com o coordenador do Coe, ao chegar em Simões Filho, os sequestradores se esconderam em um curral com animais bovinos. Um dos acusados ficou dentro do carro com duas pessoas, enquanto o outro ficou no curral com os outros reféns. Venceslau dos Santos e Anderson Araújo Bispo, ambos com 30 anos, teriam sequestrado a família da Procuradora em troca de dinheiro, mas quando viram o número de oficiais envolvidos na ação decidiram 'optar' pela integridade física e rendição.

Mas para se entregarem, os sequestradores queriam algum tipo de 'garantia de segurança', então pediram a presença de uma emissora de televisão para tentar inibir qualquer reação mais agressiva da polícia. Quando a equipe da televisão chegou, os bandidos libertaram os reféns. A Procuradora e a família foram ouvidos hoje. Os criminosos, reincidentes em crime de sequestro, estão presos na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos.

Fonte: Correio da Bahia

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