quarta-feira, 5 de maio de 2010

Investigação da PF liga secretário Tuma Júnior a máfia chinesa


Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando ligam o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, ao principal alvo da operação, Li Kwok Kwen, apontado como um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo. A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo.

A relação de Tuma Júnior com Kwen, também conhecido como Paulo Li, foi mapeada ao longo dos seis meses da investigação que deu origem à Operação Wei Jin, deflagrada em setembro de 2009. Além de ocupar um dos postos mais importantes da estrutura do Ministério da Justiça, Tuma Júnior preside, desde o último dia 23 de abril, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria.

Kwen foi preso com mais 13 pessoas, sob a acusação de comandar uma quadrilha especializada no contrabando de telefones celulares falsificados, importados ilegalmente da China.

Segundo a investigação, ao ser preso, Kwen telefonou para Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado. Dias após a prisão, ao saber que seu nome poderia ter aparecido no inquérito, Tuma Júnior telefonou para a Superintendência da PF em São Paulo, onde corria a investigação, e pediu para ser ouvido. O depoimento foi tomado num sábado, para evitar exposição. Tuma declarou que não sabia de atividades ilegais de Kwen. O surgimento do nome Tuma Júnior no inquérito seguia em segredo até agora.

O esquema, estimou a PF à época, girava R$ 1,2 milhão por mês. Os aparelhos eram vendidos no comércio paralelo de São Paulo e no Nordeste. Denunciado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de formação de quadrilha e descaminho, Kwen está preso. A PF se refere a Kwen nos relatórios como comandante de "uma das maiores organizações criminosas de São Paulo e do Brasil".

Vistos
De acordo com o inquérito, o investigado conseguia agilizar processos em tramitação no Departamento de Estrangeiros, órgão subordinado diretamente ao secretário. Os telefonemas também revelam, de acordo com as investigações, que o secretário fazia encomendas de aparelhos celulares, computador e até videogame.

Durante busca e apreensão no escritório de Li, os policiais federais apreenderam cartões de visita, com brasão da República e tudo, em que o chinês se apresentava como "assessor especial" da Secretaria Nacional de Justiça, comandada por Tuma Júnior.

De acordo com a reportagem do Estadão, as demandas de eram transmitidas abertamente a Tuma Júnior — muitas delas, por telefone. Nos contatos, o secretário se mostrava diligente, de acordo com a PF. Num deles, em 1º de agosto de 2009, ele convida Li para uma conversa em Brasília ou em Ribeirão Preto, onde daria palestra dias depois. "Eu tenho um monte de respostas daqueles negócios. Se você quiser vir...", disse.

Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a assessoria do Ministério da Justiça afirmou, em nota, que não há investigação nem pedido de interceptação telefônica contra o secretário Romeu Tuma Júnior, mas, sim, "trechos de conversas do secretário com um alvo da Polícia Federal".

"A Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça informa que não há, na Polícia Federal, investigação nem pedido de interceptação telefônica contra o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, mas que trechos de conversas do secretário com um alvo investigado foram captadas pela PF, em inquérito que corre sob sigilo", limitou-se a dizer o ministério.

Fonte: Conjur

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