sábado, 8 de maio de 2010

A Mãe que balança o berço


por Leila Cordeiro*

"Todo dia é dia das mães", garantem os céticos e aqueles que não aceitam a comercialização dessas datas, criadas para mexer com o sentimentalismo das pessoas. Concordo em parte com a tese, afinal sou mãe e sei como é difícil descascar os abacaxis diários para manter a casa em ordem e a família sem reclamações. De qualquer maneira, comercial ou não, todas as mães merecem ser homegeadas neste dia. Por isso, escolhi algumas que serão as protagonistas da minha coluna deste domingo.

Começo por aquelas que perderam seus filhos na violência nossa de cada dia. A guerra urbana está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, uma guerra que mata inocentes e obriga os vivos a se trancarem dentro de casa. São muitas as mães que ficaram "orfãs"de seus filhos e muitos filhos que perderam as mães na batalha das ruas. Do outro lado, estão as mães de assaltantes e assassinos, que um dia foram bebês como nossos filhos. Mães como qualquer uma de nós, que dedicaram horas de sono aos seus filhos, que sonharam um futuro melhor para eles, mas o sistema excludente da sociedade acabou levando-os para a trilha sem volta da violência. Certamente essas mães que perderam seus filhos para o tráfico e para o crime organizado sofrem tanto quanto aquelas que viram seus filhos tombarem no meio do caminho de uma bala perdida.

Não posso deixar de homenagear as mães que tem filhos viciados em droga ou que optaram pela homosexualidade. São supermães que amam seus filhos mais que tudo e enfrentam todo tipo de problemas, além de conviverem com o preconceito de boa parte da sociedade. Certamente não foi esse o caminho que pensaram para seus filhos. Mas o amor as transforma em guerreiras e elas compram a briga dos filhos contra tudo e contra todos. Só a garra, o amor e a dedicação de uma mãe podem ajudar a tirar o filho do mundo das drogas. No caso da homosexualidade, apesar de uma visível abertura em favor da união de pessoas do mesmo sexo, ainda há muito preconceito. Preconceito que as mães sofrem na carne ao verem seus filhos discriminados em muitos setores do segmento social em que vivem.

Minha solidariedade à mãe da soldado americana Lynndie England, aquela que está na capa de todos os jornais do mundo torturando e humilhando os prisioneiros iraquianos. No momento em que a filha vai ser julgada por uma corte marcial, acusada de quatro diferentes crimes, ela vai para a TV com as fotos da filha ainda pequenina para defendê-la com todo fervor e afirmar que sua filhinha criada com tanto amor não é capaz de cometer as atrocidades que chocaram o mundo. England, ela mesma carregando no ventre o filho de um outro torturador, vai ser mãe daqui a pouco tempo. Que futuro ela vai sonhar para essa criança que foi concebida provavelmente entre uma e outra sessão de tortura?

É verdade, todo dia é dia das mães. A barra que ela segura é muito pesada, especialmente de uns tempos para cá, quando a mulher passou a trabalhar fora, acumulando as tarefas de dona de casa (profissão "do lar", como se dizia antigamente) com a atividade fora de casa, na luta para conseguir o sustento da família. Por tudo isso, quero dedicar a você leitora do DR, mãe ou simplesmente mulher, esta despretensiosa coluna. Se você é mãe biológica, adotiva, ou de alguma maneira você tem alguém que ama como um filho, receba o nosso abraço carinhoso e a certeza de que um filho vale tudo na vida. Ele é a nossa grande emoção e a nossa grande esperança, independente de cor, raça, sexo, religião ou posição social.

Parabéns, mãe, não por hoje, mas por todos os dias da vida.

Fonte: Direto da Redação

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