sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vítima perdoa e abraça ré, que mesmo assim é condenada


O 1º Tribunal do Júri de Goiânia, presidido pelo juiz Jesseir Coelho de Alcantara, julgou ontem (27/5), no auditório da Faculdade Alfa, o caso de Ana Flávia da Silva, acusada de tentativa de homícidio contra a vítima Sirlene Rodrigues Guimarães. A acusada desferiu golpe com uma faca contra a vítima no dia 28 de agosto de 2008, causando-lhe lesões descritas em relatório médico.

O Ministério Público pleiteou ao júri a desclassificação do crime de tentativa de homicídio para lesão corporal. O promotor João Teles de Moura Neto sustentou a tese no fato de que a acusada não consumou o crime, e desistiu voluntariamente do ato.

A advogada de defesa, Manoela Vasconcelos Valadares, acatou a posição do Ministério Público, reforçando o pedido de desclassificação do crime. “Não posso pedir sentença absolvitória porque se fizesse isso estaria confirmando que a acusada teve intenção de matar. Contudo, Ana Flávia não teve intenção de matar Sirlene, por isso peço ao Conselho de Sentença a desclassificação desse crime”, declarou a advogada. Para ela, a própria vítima reconhecia que o ato da acusada foi sem pensar e sob o efeito de drogas.

“Ana Flávia tem um débito com a sociedade, mas a sociedade também tem um débito com Ana Flávia” , declarou a advogada Manoela Valadares. “Os problemas sociais pelos quais a acusada passou e que culminaram no seu envolvimeto com drogas são fruto de uma sociedade que não olha pelos menos favorecidos”, filosofou.

Diante de todas as circunstâncias apresentadas, o Conselho de Sentença votou a favor da desclassificação do crime, sendo a acusada condenada por crime de lesão corporal à pena de três anos de reclusão na Casa do Albergado, em regime aberto. A ré poderá cumprir a sentença em liberdade em razão de ter comparecido a todos os atos processuais.

Após ler a sentença, o juiz Jesseir Coelho revelou a todos a vontade de Sirlene, vítima no caso, de perdoar publicamente Ana Flávia, dando-lhe um abraço. “Essa é uma situação muito rara que merece o nosso aplauso, por isso convido Sirlene a vir até aqui e dar um abraço em Ana Flávia”, declarou o juiz.

Sirlene foi ao encontro de Ana Flávia e a abraçou sob os aplausos do auditório, lotado de acadêmicos de direito surpresos com o desfecho do caso.

Fonte: TJGO, em karinamerlo.blogspot.com

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